Estima-se que as ONGs tiveram uma queda nas doações desde o começo da pandemia. Porém, em um momento delicado de crise sanitária, política e econômica, o trabalho social é ainda mais importante e necessário. Saiba mais sobre as dificuldades das ONGs na pandemia e como fazer sua parte.
Desde o começo da pandemia, em março de 2020, as adversidades enfrentadas pelas Organizações Não Governamentais (ONGs) foram acentuadas com a crise sanitária e econômica.
Dentre as dificuldades enfrentadas pelas ONGs estão a diminuição ou perda de apoio financeiro, paralisação de atendimentos presenciais e necessidade de adaptação de atividades ao modo online.
Porém, em tempos difíceis, as demandas aumentam, principalmente por cestas básicas e kits de higiene. Como fazer essa conta fechar?
A importância das ONGs em momentos de crise
O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e a pandemia de Covid-19 agravou isto.
A pandemia deixou 19 milhões com fome em 2020, atingindo 9% da população brasileira, a maior taxa desde 2004. E quase o dobro do que havia em 2018, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 10,3 milhões de brasileiros nessa situação.
São 116,8 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar no Brasil, de acordo com pesquisa divulgada em abril deste ano pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
Logo, diante deste cenário (que já existe desde muito antes da pandemia, mas que está ainda mais intensificado agora), o terceiro setor é fundamental para ajudar os grupos em situação de crise humanitária.
A ONG NAAÇÃO, por exemplo, desde o início da pandemia, em março de 2020, 8534 pessoas foram impactadas positivamente, com recebimento de doações, acolhimentos psicológicos ou outras ações sociais.
Dificuldades e soluções
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Queda nas doações
Em tempos de crise é natural que as famílias tentem cortar gastos e ONGs podem perder o apoio financeiro e ter redução de doações.
Entre março e julho de 2020, as doações para o enfrentamento à Covid-19 tiveram um “boom” positivo: ultrapassaram R$6 bilhões, segundo o Monitor das Doações da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR).
Porém, após um ano, manter um ritmo de doações é um grande desafio para parte das organizações sociais brasileiras. Com o prolongamento da crise sanitária, as doações caíram em até 95% em comparação com março de 2020.
Os efeitos socioeconômicos prolongados da pandemia têm zerado os estoques de doações das associações comunitárias e ONGs, que veem a fome e a miséria crescerem nas comunidades em que atuam.
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Aumento de demandas
No entanto, a demanda por comida vem crescendo desde o início da pandemia, enquanto os preços dos alimentos tiveram inflação de 15%.
Segundo relatório da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), pelo menos 20 milhões de pessoas no país deixaram de se alimentar bem durante a pandemia, por falta de dinheiro.
Vale ressaltar que, de dezembro de 2020 a abril de 2021, tivemos um aumento de 463% nos pedidos de AMPARO.
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Atuação presencial X Online
Além do desafio de migrar para o mundo virtual sem perder a qualidade do trabalho, muitas organizações atendem um público que não tem acesso à internet.
A atuação presencial ficou prejudicada devido às medidas de distanciamento. O NAAÇÃO tem mantido apenas as missões mais urgentes, como entregas de cestas básicas, kits pedagógicos, e recebimento de doações mediante agendamento de horário.
Vale ressaltar que, também de forma virtual, a ONG NAAÇÃO promove acolhimento psicológico em todo o Brasil, por meio do projeto AMPARO – frente que combate os efeitos sociais e econômicos provocados pela Covid-19.
Entre abril e dezembro de 2020, o AMPARO realizou 262 atendimentos psicológicos.
Ao todo, em 2020 foram realizados 1722 acolhimentos psicológicos.
Já de janeiro a 7 de abril deste ano foram realizados 277 acolhimentos psicológicos.
Em áreas de risco humanitário e conflito, onde as pessoas não possuem certeza de que, a cada novo dia, terão o que comer, o que beber, o que vestir e muito menos onde morar, o número de pessoas com ansiedade e depressão tende a aumentar, visto que a saúde mental possui forte ligação com contexto social, cultural e econômico.
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Voluntariado
Esta é uma “faca de dois gumes”.
Por um lado, o voluntariado pode diminuir por não ter mais o olho no olho e a emoção das ações presenciais.
Porém, com ações on-line, como é o caso do acolhimento psicológico do AMPARO e de outros setores do NAAÇÃO, há a alternativa de ser um voluntário sem sair do conforto da sua casa e manter o distanciamento.
Os desafios são muitos, mas as reformulações, transformações e o apoio também são diversos. Os voluntários estão aprendendo a usar novas ferramentas, aproveitando o momento para se reorganizar e se conectar, compartilhando desafios, dores, informações e conhecimentos.
Como ajudar?
Apesar do momento ser difícil, podemos unir esforços e criar uma rede de apoio.
A pandemia afetou as ONGs de diversas maneiras e agora o NAAÇÃO precisa da sua ajuda para continuar ajudando e mudando a vida de tantas famílias.
Atualmente, mais de 9 mil pessoas já foram impactadas positivamente pelo NAAÇÃO, mas o objetivo é alcançar mais recursos para ampliar o alcance e transformar a vida de mais famílias.
E não precisa de atitudes extravagantes: dá pra começar a ajudar doando quantias a partir de R$1,00!
Além disso, estamos recebendo doações físicas em nossa sede, em Belo Horizonte, mediante agendamento.
Ah, e é claro: fique atento ao nosso site! Estamos sempre disponibilizando novas vagas de voluntariado para você colaborar como pode, do conforto e segurança da sua casa.